No ambiente corporativo contemporâneo, onde a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma marca pode residir em questões de segundos e percepção visual, a propriedade intelectual (PI) assume um papel central no setor de marketing. Proteger os ativos intangíveis — marcas, slogans, campanhas, designs e conteúdos — não é apenas uma questão jurídica, mas uma estratégia essencial de mercado.
O marketing é responsável por construir, comunicar e consolidar a identidade de uma marca. Cada cor, fonte, logo, assinatura, campanha e estratégia de branding molda a forma como o público percebe um negócio.
Sem proteção legal, toda essa construção está vulnerável.
Uma marca forte é um ativo. E, como todo ativo, precisa ser registrado e defendido para manter seu valor e unicidade. No setor de marketing, ignorar a necessidade de registro e proteção pode levar a:
A propriedade intelectual em marketing vai muito além da marca principal. Diversos elementos criados e promovidos merecem proteção específica:
Cada um desses itens pode (e deve) ser registrado como marca, desenho industrial, direito autoral ou outra modalidade de proteção, dependendo da sua natureza e estratégia de utilização.
Nestlé é um exemplo relevante: a empresa protege seus logotipos, embalagens e submarcas em diversas categorias e jurisdições, garantindo o reconhecimento e a coerência de sua comunicação global. Essa proteção abrangente permite que a marca opere com segurança em diferentes segmentos, desde alimentos infantis até cafés premium, como Nespresso, sem comprometer sua identidade ou reputação.
Lacoste protege seu icônico logotipo do crocodilo não apenas como marca registrada, mas também como elemento distintivo em produtos de moda, licenciamento e colaborações globais. Essa proteção garante o uso exclusivo em diversas categorias e ajuda a marca a manter sua identidade reconhecível e seu valor de mercado elevado.
Por outro lado, casos como o da marca brasileira Osklen, que enfrentou disputas judiciais para defender seus elementos visuais, mostram como a ausência ou fragilidade da proteção pode trazer riscos significativos.
No ecossistema empresarial moderno, é imprescindível compreender que a propriedade intelectual é um dos principais motores de valor das marcas. O trabalho de marketing é o responsável por tornar essa propriedade intelectual viva, percebida e desejada pelo público. Entretanto, sem a devida proteção legal, esse valor é vulnerável e pode ser perdido de forma irreversível.
A relação entre marketing e propriedade intelectual é intrínseca:
Segundo o Interbrand Best Global Brands 2023, empresas como Apple, Amazon e Microsoft têm mais de 50% do seu valor de mercado ancorado em seus ativos intangíveis.
Ou seja, quanto mais forte é o trabalho de marketing, maior é a necessidade de uma estratégia de proteção sólida e antecipada.
Sem propriedade intelectual devidamente protegida, não há garantias de que a percepção de valor criada pelo marketing será, de fato, capturada e defendida pela empresa.
Quando a propriedade intelectual é tratada como parte estratégica do marketing, os benefícios são evidentes:
A estratégia de proteção da propriedade intelectual não pode ser reativa, feita apenas em resposta a riscos ou problemas. Ela deve ser parte do planejamento estratégico do marketing desde o início.
Empresas que atuam de forma proativa, antecipando-se na proteção de seus ativos criativos, constroem marcas mais fortes, resilientes e duradouras.
Muitos erros em marketing começam no nascedouro: criar campanhas sem verificar a disponibilidade e a possibilidade de proteção dos nomes, conceitos ou designs. É fundamental integrar equipes de marketing e de propriedade intelectual desde o início do processo criativo:
Essa integração reduz riscos e evita retrabalho caro e prejudicial à imagem. Uma estratégia de marketing eficaz começa com uma estratégia de proteção inteligente.
Nesse contexto, é também imprescindível reconhecer o papel das agências de marketing e publicidade. Agências que desenvolvem estratégias para seus clientes têm responsabilidade ao sugerir nomes, campanhas e visuais:
Uma agência que ignora a propriedade intelectual pode expor seu cliente a litígios e prejuízos severos. Ser uma agência parceira é também proteger seus clientes desde a raiz da criação.
No universo digital, onde a velocidade e o alcance são ainda maiores, essa atenção é redobrada. A proteção deve incluir:
As marcas precisam estar blindadas também no ambiente virtual, combatendo riscos como cybersquatting (registro de domínios de má-fé) e uso indevido de identidade visual.
O futuro do marketing e da propriedade intelectual está sendo moldado por transformações tecnológicas e culturais que exigirão ainda mais atenção estratégica.
Essas novas fronteiras ampliam o papel estratégico da propriedade intelectual dentro do marketing. Marcas que anteciparem essas tendências e integrarem proteção, inovação e ética em suas estratégias estarão melhor posicionadas para liderar em um mercado cada vez mais dinâmico e exigente.
No universo do marketing, onde cada ponto de contato com o consumidor constrói (ou destrói) valor, proteger o que se cria é tão importante quanto criar.
A propriedade intelectual é a armadura invisível que sustenta a força das marcas no mercado. Sem ela, toda estratégia de marketing está vulnerável.
Marketing inteligente é marketing que protege.
Fontes: