
O debate contemporâneo sobre sustentabilidade e transição energética provocou uma mudança estrutural na forma como o Direito trata a inovação tecnológica. Hoje, a proteção de ativos intangíveis relacionados a tecnologias limpas é parte central das políticas públicas e das estratégias empresariais. Nesse contexto, as chamadas patentes verdes surgem como mecanismo jurídico essencial para incentivar e acelerar o desenvolvimento de soluções que contribuam de maneira efetiva para a mitigação dos impactos ambientais.
Embora o termo seja amplamente utilizado no ecossistema de inovação sustentável, é importante esclarecer que “patente verde” não constitui uma categoria jurídica autônoma. Trata-se de uma classificação temática adotada por diversos escritórios de propriedade industrial, inclusive o INPI, no Brasil, para identificar pedidos relacionados a tecnologias ambientalmente benéficas e, consequentemente, habilitá-los a regimes especiais de exame prioritário.
A patente verde, apesar de não representar uma modalidade distinta de patente, possui relevância jurídica própria. O enquadramento ocorre quando a invenção apresenta potencial de redução de emissões, maior eficiência no uso de recursos naturais, contenção de resíduos ou qualquer outro impacto ambiental positivo mensurável. Essa análise deve ser sustentada por argumentos técnicos e, quando possível, por dados experimentais ou modelagens que evidenciem o benefício ambiental.
O regime jurídico permanece o mesmo: a invenção deve cumprir os requisitos previstos na Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), especialmente novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Contudo, o enquadramento como patente verde habilita o pedido ao trâmite prioritário, o que reduz significativamente o tempo de decisão administrativa, fortalecendo a segurança jurídica e estimulando investimentos em inovação sustentável.
Sob a perspectiva jurídica e econômica, as patentes verdes ocupam uma posição estratégica. O exame acelerado confere ao inventor, pessoa física, startup ou empresa, previsibilidade regulatória, um elemento indispensável para atrair capital e viabilizar projetos de P&D ambientalmente responsáveis. Além disso, em um ambiente corporativo orientado por práticas ESG, a proteção de tecnologias sustentáveis tem sido reconhecida como indicador de governança, conformidade regulatória e comprometimento com metas climáticas.
A adoção de patentes verdes também dialoga diretamente com compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o Acordo de Paris e as metas de redução de emissões previstas nas NDCs nacionais. A política de trâmite prioritário funciona, portanto, como instrumento jurídico de incentivo à inovação sustentável, alinhando a propriedade intelectual a políticas públicas de proteção ambiental.
No âmbito jurídico-prático, são usualmente elegíveis ao enquadramento como patentes verdes tecnologias relacionadas a:
Essas áreas concentram parte relevante da disputa tecnológica global e, portanto, exigem adequada proteção jurídica para assegurar competitividade e segurança aos titulares da inovação.
O uso estratégico das patentes verdes gera uma série de benefícios jurídicos e empresariais. A proteção adequada confere exclusividade de exploração, reduz riscos de litígios, facilita processos de licenciamento tecnológico e fortalece a posição da empresa diante de auditorias ESG e due diligences de investimento.
Além disso, em setores sujeitos a regulamentações ambientais rigorosas, a propriedade intelectual desempenha funções adicionais: serve como ferramenta de conformidade, como instrumento de defesa competitiva e como ativo reputacional perante órgãos reguladores, parceiros comerciais e consumidores.
À medida que governos adotam políticas mais rígidas de controle de emissões e padrões técnicos ambientais, possuir um portfólio de patentes verdes deixa de ser apenas um diferencial e passa a representar um elemento de resiliência regulatória.
A ConeSul oferece suporte especializado na interface entre Direito da Propriedade Intelectual, inovação sustentável e estratégias empresariais. Isso inclui:
A atuação combina profundidade jurídica, compreensão técnica e visão estratégica para garantir que tecnologias sustentáveis sejam protegidas de maneira eficaz, segura e alinhada a práticas internacionais.
As patentes verdes representam, hoje, um ponto de convergência entre Direito, inovação e sustentabilidade. Elas oferecem segurança jurídica, estimulam investimentos, fortalecem políticas ambientais e contribuem diretamente para o avanço da economia de baixo carbono. Em um ambiente regulatório cada vez mais complexo e competitivo, a proteção de tecnologias limpas é não apenas desejável, mas necessária.
A Cone Sul permanece comprometida em apoiar inventores, empresas e instituições que desenvolvem soluções sustentáveis, assegurando que a proteção jurídica de suas tecnologias seja um componente estratégico do crescimento e do impacto ambiental positivo que desejam gerar.