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Por que startups devem investir em proteção de propriedade intelectual

Por que startups devem investir em proteção de propriedade intelectual

Um guia estratégico para empresas que nascem da inovação, mas crescem com segurança jurídica

O universo das startups é movido por velocidade, criatividade e risco. Nesse ambiente altamente competitivo, onde soluções inovadoras surgem diariamente e onde o tempo entre a ideia e a execução é cada vez mais curto, a proteção da propriedade intelectual muitas vezes acaba negligenciada. No entanto, essa é uma escolha perigosa. Empresas nascidas da inovação, que dependem diretamente da originalidade de seus produtos, serviços, tecnologia ou modelo de negócio, precisam compreender que o valor daquilo que criam está diretamente relacionado à sua capacidade de proteger juridicamente seus ativos intangíveis.

A propriedade intelectual, nesse contexto, não é um detalhe jurídico a ser resolvido depois. Ela é um pilar estratégico que sustenta o crescimento, garante a exclusividade, previne conflitos e, acima de tudo, agrega valor ao negócio diante do mercado e dos investidores. Para startups que buscam escalar com solidez, atrair rodadas de investimento e expandir sua presença nacional ou internacionalmente, pensar na proteção da marca, das tecnologias desenvolvidas e da identidade construída é tão fundamental quanto validar o produto ou atingir o product-market fit.

A propriedade intelectual como diferencial competitivo no ecossistema de startups

Quando falamos em propriedade intelectual no contexto de startups, estamos nos referindo a um conjunto de ativos intangíveis que, apesar de não estarem fisicamente presentes, têm papel central na geração de valor da empresa. Isso inclui desde o nome da marca, logotipo, domínio e identidade visual, até o código-fonte de um software, algoritmos proprietários, soluções técnicas inéditas, processos industriais, embalagens, design e até mesmo materiais de comunicação ou conteúdos educacionais.

É comum ver empreendedores investindo grandes quantias no desenvolvimento do branding, na contratação de agências para naming e identidade visual, no desenvolvimento de plataformas e apps, ou em soluções técnicas inovadoras que representam seu grande diferencial de mercado. O que nem todos percebem é que, sem a proteção adequada, todos esses ativos estão vulneráveis. Basta que uma outra empresa registre primeiro a marca ou lance uma solução semelhante com mais estrutura e escala para que o pioneirismo da startup seja colocado em risco.

O problema não está apenas na possibilidade de ser copiado, mas principalmente na fragilidade jurídica que impede a startup de reagir com segurança. Em outras palavras, sem propriedade intelectual registrada, a inovação perde força como vantagem competitiva. E, para empresas nascidas da inovação, isso pode ser fatal.

A marca como patrimônio estratégico desde os primeiros passos

Um dos ativos mais valiosos de uma startup é a sua marca. Ela representa a identidade da empresa, é o que conecta o público à proposta de valor, constrói reputação e serve como base para todas as ações de marketing, vendas e posicionamento. A marca, no entanto, não é protegida automaticamente pelo uso. No Brasil, o direito de exclusividade sobre o nome e o logotipo só é conferido a partir do registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Isso significa que, mesmo que a startup tenha criado o nome, usado nas redes sociais, registrado domínio e investido em identidade visual, ela poderá perder o direito de uso caso outra empresa solicite o registro antes — ou até mesmo entrar em conflito jurídico por uso indevido de sinal já registrado. Casos como esse são mais comuns do que se imagina e costumam trazer consequências graves, como a necessidade de rebranding às pressas, perda de posicionamento no mercado, impacto na reputação da empresa e enfraquecimento em negociações com investidores.

Além disso, uma marca registrada com exclusividade permite que a empresa atue de forma mais segura em canais digitais, evite concorrência desleal, represente sua autoridade em marketplaces, licencie sua operação por meio de franquias ou parcerias e, inclusive, seja internacionalizada com mais facilidade. Tudo isso é impossível de alcançar se a identidade da empresa não estiver juridicamente protegida.

Tecnologias, algoritmos e software: o que pode (e deve) ser protegido

Em startups com base tecnológica, a inovação geralmente está materializada em softwares, plataformas, algoritmos e metodologias desenvolvidas internamente. O que muitos fundadores desconhecem é que esses elementos também fazem parte do universo da propriedade intelectual e, quando protegidos adequadamente, se tornam ativos valiosos e negociáveis.

No Brasil, o código-fonte de um software é protegido por direito autoral. Embora o registro não seja obrigatório, ele é altamente recomendado, especialmente como meio de comprovação de autoria e data de criação. Esse registro pode ser feito junto ao INPI, com validade legal e utilidade prática em situações de conflito, disputa por titularidade ou auditoria contratual.

Já os algoritmos e soluções técnicas inéditas podem, em certos casos, ser passíveis de patente. Se a startup desenvolve uma tecnologia com aplicação industrial, que seja nova, inventiva e que represente uma solução técnica para um problema, é possível solicitar o registro de patente, garantindo exclusividade de uso por até 20 anos. Há também a possibilidade de registrar desenhos industriais, que protegem aspectos visuais e estéticos de produtos inovadores.

A análise de viabilidade para registro de patente exige conhecimento técnico-jurídico e deve ser feita por profissionais especializados, pois envolve critérios legais rigorosos e busca prévia de anterioridade. No entanto, quando bem estruturado, esse processo agrega enorme valor ao negócio, especialmente em rodadas de investimento, onde a existência de patentes concedidas ou em análise pode representar um diferencial decisivo.

Due diligence e a exigência de segurança jurídica em investimentos

Ao se preparar para uma rodada de investimento, fusão ou aquisição, a startup passará por um processo de análise conhecido como due diligence. Nessa etapa, todos os aspectos jurídicos e contábeis da empresa serão avaliados, inclusive a titularidade e regularidade dos ativos de propriedade intelectual.

Uma startup que não registrou sua marca, que não tem contratos de cessão de direitos com desenvolvedores ou designers, que compartilha tecnologia com terceiros sem cláusulas de confidencialidade ou que ainda não formalizou o registro de um software que representa sua principal solução corre o risco de ter sua avaliação reduzida, ou até de inviabilizar o investimento.

Do ponto de vista do investidor, a ausência de proteção dos ativos intangíveis representa um risco. E, em muitos casos, esse risco é suficiente para impedir o avanço da negociação. Por isso, preparar-se juridicamente para o crescimento inclui também estruturar, proteger e documentar corretamente os direitos relacionados à inovação, identidade e conhecimento da empresa.

Além disso, startups que operam em regime de aceleração, incubação ou com contratos de co-desenvolvimento precisam estar especialmente atentas à titularidade das criações. A ausência de contratos claros pode gerar disputas futuras sobre quem detém a propriedade de uma marca, tecnologia ou metodologia desenvolvida em parceria, o que compromete a independência da empresa e sua capacidade de escalar.

A proteção como parte da estratégia de crescimento

Incorporar a propriedade intelectual ao planejamento estratégico da startup não significa burocratizar o processo de inovação. Ao contrário, significa criar uma base sólida que permita inovar com mais segurança, crescer com menos risco e construir uma empresa valorizada não apenas por sua ideia, mas por sua estrutura.

Startups que incluem a proteção da marca logo após a validação do modelo de negócio, que formalizam contratos com prestadores de serviço contendo cláusulas de cessão de direitos autorais, que buscam orientação técnica sobre patentes e que registram suas plataformas, materiais e conteúdos de forma consistente se destacam não apenas pela inovação, mas pela solidez.

Essa postura demonstra maturidade organizacional e contribui para uma cultura de respeito à criação intelectual, que é cada vez mais exigida em ambientes de negócios sustentáveis. É também uma forma de educar o ecossistema e elevar o padrão de atuação entre empresas que, embora jovens, já atuam com impacto significativo no mercado.

Startups não podem deixar para depois

No ambiente ágil e volátil das startups, adiar a proteção dos ativos de propriedade intelectual é correr o risco de perder aquilo que diferencia a empresa no mercado. E, muitas vezes, é justamente esse diferencial que será avaliado em uma negociação, valorizado em um pitch ou defendido em um cenário de conflito.

A marca é o que conecta a startup ao consumidor. A tecnologia é o que resolve o problema do cliente. O design é o que encanta. O conteúdo é o que educa. E tudo isso, junto, forma um patrimônio que precisa ser resguardado.

Investir na proteção da propriedade intelectual é uma decisão estratégica. É dizer, com responsabilidade, que aquilo que foi criado tem valor. É mostrar ao mercado que a inovação é, sim, o ponto de partida, mas que o crescimento exige estrutura, planejamento e segurança jurídica.

A Cone Sul Marcas e Patentes atua ao lado de startups desde sua fundação, com orientação especializada, análise estratégica e soluções completas para o registro, gestão e valorização da propriedade intelectual. Acreditamos que toda ideia brilhante merece ser protegida. E toda inovação consistente merece o espaço para prosperar com segurança.

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