Geral

Propriedade intelectual em PMEs: um investimento que evita grandes prejuízos

Propriedade intelectual em PMEs: um investimento que evita grandes prejuízos

Quando falamos de propriedade intelectual (PI), é comum que pequenas e médias empresas (PMEs) associem o tema a um universo distante, reservado a grandes corporações e multinacionais. No entanto, essa é uma percepção que pode custar caro. Em um cenário de alta competitividade e avanço da digitalização, negligenciar a proteção de ativos intangíveis pode levar a prejuízos expressivos, disputas judiciais e perda de mercado.

Neste artigo, abordamos por que a gestão da propriedade intelectual deve ser encarada como uma estratégia acessível, preventiva e essencial para a sustentabilidade das PMEs.

O que está em jogo: nomes, produtos, processos e reputação

Marcas, nomes comerciais, desenhos industriais, softwares, tecnologias desenvolvidas internamente e até mesmo o design de embalagens são ativos protegíveis. Em empresas de menor porte, muitos desses elementos são criados de forma artesanal, com participação direta dos sócios. Ainda assim, é comum que passem anos sem qualquer formalização legal.

Essa negligência pode comprometer seriamente a continuidade do negócio. Em um ecossistema empresarial em que reputação, inovação e originalidade têm peso estratégico, a ausência de registro transforma a marca em um ativo vulnerável. Não se trata apenas de ter direito de uso, trata-se de garantir exclusividade, evitar disputas judiciais e proteger o que distingue sua empresa das demais.

A marca não é apenas um nome bonito ou uma identidade visual bem elaborada. Ela é a porta de entrada para a percepção de valor que os consumidores têm do seu negócio. Quando registrada, ela passa a representar um diferencial competitivo, agregando valor à imagem da empresa e aumentando sua credibilidade no mercado.

Mais do que isso: a ausência de proteção pode afetar a tomada de decisões estratégicas. Muitos empresários adiam processos de expansão, abertura de filiais ou entrada em marketplaces por não terem segurança jurídica sobre o nome ou formato de seu produto. A falta de registro se torna, na prática, uma trava para o crescimento.

  1. Mudança obrigatória de marca: uma PME atua há anos com um nome conhecido localmente, mas não possui registro. Ao tentar crescer, descobre que outra empresa já detém o direito de uso e precisa recomeçar o posicionamento do zero.
  2. Perda de oportunidade de investimento: investidores exigem garantias sobre os ativos da empresa. Sem registros, a marca e demais criações não têm valor legal e a negociação esfria.
  3. Cópia de produto ou solução: sem patente ou modelo de utilidade registrado, não há como impedir juridicamente que concorrentes repliquem inovações.

Esses cenários não apenas geram prejuízo financeiro, mas também emocional e estratégico. O empreendedor que investiu anos na construção de um diferencial perde competitividade e confiança.

PI como parte da gestão de risco

Adotar boas práticas de propriedade intelectual não é um luxo: é uma medida preventiva. Assim como se contrata seguro, se cumpre a legislação trabalhista e se formalizam contratos com clientes, também é estratégico proteger juridicamente os diferenciais do negócio.

Isso inclui:

  • Verificar disponibilidade do nome antes do lançamento;
  • Registrar marcas, patentes, desenhos industriais e direitos autorais conforme aplicável;
  • Formalizar contratos de propriedade intelectual com colaboradores e terceiros;
  • Monitorar o uso de elementos da marca por parceiros e concorrentes.

Custo versus prejuízo: o que pesa mais?

O registro de uma marca junto ao INPI custa, para MEIs e empresas de pequeno porte, valores acessíveis. Mesmo com o apoio de um especialista, é um investimento baixo quando comparado ao custo de perder uma marca, redesenhar estratégias ou enfrentar um processo judicial.

Vale destacar que a propriedade intelectual não precisa ser toda protegida de uma vez. É possível traçar um plano por etapas, priorizando os ativos mais críticos ou os que já estão em fase de ampliação.

Cultura de proteção desde o início

Construir uma cultura de valorização dos ativos intangíveis desde a fundação da empresa é o melhor caminho. Isso evita retrabalho, economiza recursos e fortalece a identidade do negócio a longo prazo.

A propriedade intelectual não é um tema para "quando a empresa crescer". É, na verdade, o que pode permitir que ela cresça com segurança.

Referências:

  • Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/96)
  • INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial
  • SEBRAE - Proteção de marcas e patentes: https://www.sebrae.com.br

Leia mais

Ainda tem dúvidas?

FALE COM UM CONSULTOR